Gustavo Almeida

Você não nasceu pra viver uma felicidade de mentira. Você nasceu para ser autenticamente feliz. Nasceu para viver com convicções sólidas e inabaláveis sobre quem é, seus porquês e onde vai chegar, e para ser apaixonado por estas convicções.

Você nasceu para ser feliz.

O que há de errado com o mundo?

As pessoas estão vivendo uma felicidade de mentira.

Passam tempo demais enfiadas no trabalho, sobrecarregadas de tarefas, renunciando família, filhos, lazer – e, às vezes, até a saúde – em troca de um dinheiro que vai embora com tanta facilidade que às vezes elas nem percebem. Passam mais tempo tirando fotos e postando coisas pros outros verem nas redes sociais do que realmente desfrutando das experiências que elas estão vivendo. Passam tanto tempo conectadas à internet e olhando para as telas que até os seus corpos, seus amigos, seu prazer pela vida vão ficando cada vez mais esquecidos.

Elas se sentem sozinhas. Saem em busca de companhia e diversão em festas, em bares, em lugares que influencers postaram no instagram. Adotam um pet, e então um segundo, e um terceiro, e aquele vazio de solidão parece que nunca acaba.

Vêem seus namoros e casamentos fracassarem dia após dia, e começam a se enfiar em relacionamentos ora extremamente tóxicos, ora extremamente superficiais, até que perdem completamente a fé nas pessoas e desistem da vida afetiva, ou então passam a pular de encontro em encontro com pessoas vazias dos aplicativos ou das festas.

Tiram dezenas de vezes a mesma foto, até conseguirem uma que esconda dos seguidores as suas imperfeições e que projete a centenas de desconhecidos a imagem de uma vida feliz e perfeita.

Postam suas fotos com frases de efeito, recheadas de conselhos que elas mesmas não seguem, verdades absolutas que elas mesmas não acreditam ou versículos bíblicos que elas não praticam em suas vidas.

Discutem como especialistas sobre assuntos que não dominam, repetindo como papagaios opiniões dos influencers que seguem. Polarizam-se na política como se fossem gladiadores em uma arena, sem entender de verdade o mínimo sobre economia, diplomacia ou geopolítica. Discutem fatos irreversíveis – foi golpe, não foi golpe; foi condenado, não foi condenado; ele é ladrão, ele é genocida; ao invés de discutir o futuro: segurança pública, educação, saúde, transporte, saneamento, energia, comércio, gastos públicos…

Saem lacrando em massa quem pensa diferente. Armas, aborto, feminismo, inclusão, fake news, pronomes neutros, intolerância religiosa…

E param tudo para ver a copa do mundo. Saem até mais cedo do escritório nos dias que a seleção joga. Se abraçam a cada gol, a cada vitória.

Pulverizam fofocas de celebridades até viralizar. Quem casou com quem, quem traiu quem, quem pegou quem no reality show. Fazem memes com as gafes em evidência, e destroem a reputação e a auto estima de pessoas que nunca irão conhecer, mesmo posicionando-se contra o bullyng.

Compram cursos sobre como ficar ricas da noite para o dia, sobre como emagrecer sem dieta e sem exercícios, sobre como passar no concurso público sem estudar. Apresentam-se como especialistas experientes em coisas que acabaram de ser inventadas. Apresentam-se como autoridades em assuntos que acabaram de aprender. Apresentam soluções para problemas que nunca resolveram.

Buscam prazeres a princípio divertidos, saborosos e até sofisticados, enquanto não se tornam um problema em suas vidas. Bebem em 4 dos 7 dias da semana, nem que seja um gin ou uma taça de vinho. Fumam (ou vaporam) seus cigarros, seus vapes ou seus pods. 

Começam a fugir de obrigações e responsabilidades. Evitam se comprometer com o que quer que seja. Buscam prazeres imediatos, recompensa sem esforço, doses cada vez maiores de dopamina. Passam mais tempo fazendo o que querem do que fazendo o que devem.

Cometem excessos para preencher seus vazios. Excessos de sono, excessos de telas, excessos de comida, excessos de álcool, excessos de compras, excessos de sexo, excessos de remédios. Remédios para acordar, remédios para dormir. Remédios para controlar o humor, remédios para aumentar sua concentração e seu foco, remédios para inibir seus apetites, remédios para melhorar os resultados da academia. Remédios para curar os danos dos outros remédios.

As pessoas vão vivendo uma felicidade de mentira, baseada numa eterna tentativa de preencher lacunas com momentos de alegria passageira – momentos que acabam virando muito mais postagens nas redes do que arcabouço emocional autêntico em suas vidas.

Uma pessoa infeliz não faz ninguém feliz. E ninguém quer fazer parte da vida de alguém infeliz. Instintivamente, para não sofrer um abandono digital, é necessário simular a felicidade, mesmo que a pessoa não perceba que está vivendo assim a sua vida.

Não é incomum conhecermos pessoas com vidas aparentemente felizes – vidas que, a princípio, muitos de nós gostaríamos de levar – pessoas com famílias bonitas, casas bonitas, trabalhos e cargos de dar inveja, que viajam para lugares legais, que frequentam restaurantes legais, que estão cercadas de amigos interessantes, que estão sempre nas melhores festas ou que são sempre as primeiras a ter o celular, o carro, a casa no condomínio que você queria ter… E que sofrem! Sofrem por solidão, sofrem por frustrações afetivas, sofrem por um amargo sentimento de impotência diante das situações da vida, sofrem por ansiedade, por depressão, por crises de pânico…

Quando essa felicidade de mentira permeia a vida das pessoas comuns, elas se tornam pessoas medíocres. Não no sentido pejorativo, mas no sentido de que estão sempre na média. Pessoas que não se esforçam nem um pouco além do necessário (ou do que são obrigadas) para manterem-se em suas zonas de conforto. Pessoas muitas vezes criativas, inteligentes, capazes de brilhar, mas que se limitam a fazer apenas o mínimo, o menor esforço possível. Pessoas que poderiam estar solucionando problemas, descobrindo a cura para doenças, gerando empregos, combatendo a pobreza, mas que estão ali trabalhando das 9h às 18h com carteira assinada em busca de uma ilusão chamada segurança.

Quando essa felicidade de mentira permeia a vida de pessoas que ocupam posições de destaque nas empresas, nos mercados, na economia, a vida destas pessoas entra em crise e, com isso, os negócios desta pessoa entram em crise. A consequência é que tudo e todos que dependem direta ou indiretamente destes negócios, também entram em crise.

Empresas em crise são produto de empresários em crise com profissionais em crise. Mercados em crise são produto de empresas em crise. Economias em crise são produtos de empresas em crise.

Olha só o que eu aprendi nos últimos 28 anos trabalhando como terapeuta e como gestor de crises…

Momentos de crises e doenças como ansiedade e depressão não são os verdadeiros problemas das pessoas. O verdadeiro problema das pessoas é a falta de convicção sobre si mesmas e a constante necessidade de validação externa. Elas sofrem de algo que eu gosto de chamar de “Síndrome da Felicidade Enlatada”.

Pensa comigo: Quando uma pessoa não sente prazer em sua própria companhia, dificilmente as outras pessoas sentirão. E começa aí uma busca incessante por agradar, impressionar, ser notada, ser ouvida, ser compreendida. A pessoa precisa incessantemente se auto afirmar, competir por atenção, por visualizações, por curtidas, por comentários que validem sua posição, sua opinião, sua visão do mundo, da vida, do futuro. E, ao viver assim, ela muitas vezes renuncia à sua verdadeira essência, aos seus verdadeiros princípios e aos seus verdadeiros propósitos, num mundo sob a constante ameaça do ostracismo, do cancelamento, da rejeição irreversível.

Quando você constrói uma convicção muito sólida sobre quem é você e, diante desta percepção de identidade, você se torna tão apaixonado por si mesmo ao ponto ser impossível que alguém abale esta convicção, você passa a sentir prazer na sua própria companhia. Você começa a ser interessante para si mesmo, começa a viver uma vida livre de lacunas, divertida na maior parte do tempo, seja quando você está fazendo o que quer ou quando está fazendo o seu dever.

E quando você é alguém autenticamente feliz, as pessoas começam a querer fazer parte da sua vida. Elas orbitam ao seu redor como mariposas em volta de uma lâmpada. Elas desejam ardentemente participar da sua felicidade.

Percebe a mágica acontecendo? Quando você é feliz sozinho, você jamais fica sozinho. Irônico isso, não?

O segredo está em construir a sua felicidade em cima de três pilares, que eu chamo de as três convicções fundamentais: A convicção sobre quem é você; A convicção sobre os seus Porquês; A convicção sobre onde você vai chegar. E não apenas a convicção, mas também uma paixão avassaladora por estas três convicções.

Quando você sabe quem você é e é apaixonado por quem você é, e sabe quem você é com uma convicção tão sólida que ninguém é capaz de abalar, não há julgamento, crítica, cancelamento ou ostracismo que subtraiam a sua felicidade.

E quando você tem convicção dos seus porquês, conhecendo profundamente os seus motivos para agir como age, dizer o que diz, ir onde vai, andar com quem anda, e estes motivos estão perfeitamente alinhados com os seus princípios, os seus valores mais inegociáveis e os seus propósitos de vida, e você é apaixonado por estes porquês ao ponto de ninguém ser capaz de te convencer do contrário, você vive uma vida orientada ao que realmente tem valor. Suas postagens nas redes sociais deixam de buscar validação e passam a buscar mudar o mundo. Elas educam, inspiram e divertem. Elas traduzem para as pessoas coisas que você entende e elas não. Elas agregam valor à vida de quem acompanha. O seu trabalho passa a fazer sentido, a sua vida afetiva, familiar e social passam a fazer sentido, aquilo que você estuda, aprende e cria passa a fazer sentido, cuidar do seu corpo, mente e espiritualidade passa a fazer sentido, o fluxo da sua vida financeira passa a fazer sentido, as suas atividades de lazer passam a fazer sentido, o seu descanso e até mesmo o seu ócio passam a fazer sentido.

E quando você tem convicção de onde vai chegar – e eu disse de onde VAI, e não de onde pode ou de onde quer chegar – e sente-se apaixonado por onde vai chegar, você se torna uma pessoa imparável. Nenhum medo consegue mais dominar você. As pessoas que não confluem com o seu propósito vão naturalmente se afastando da sua vida, e as pessoas que confluem do seu propósito vão naturalmente construindo relacionamento e intimidade com você.

Agora me diga uma coisa… Uma pessoa que tem convicção sobre quem ela é e é apaixonada por quem ela é, tem convicção sobre seus porquês e é apaixonada por estes porquês, tem convicção de onde vai chegar e é apaixonada por onde vai chegar… Essa pessoa consegue, de alguma maneira, se sentir infeliz?

É claro que esta pessoa pode (e certamente irá) enfrentar momentos de dor eventualmente. Ela não é inabalável porque nunca se abala – ela é inabalável porque sempre que algo a abala ela possui resiliência e recursos emocionais para rapidamente e com o mínimo de esforços voltar ao seu normal, ao seu estado de fluência.

Existem pessoas que sacrificam estas convicções para viver a felicidade de mentira. E existem pessoas que renunciam à felicidade enlatada para construir estas convicções.

Hoje eu convido você a tomar uma decisão. E a começar hoje a construir convicções sólidas sobre quem você é, para viver uma felicidade verdadeira e inabalável.

O mundo da felicidade enlatada é triste, solitário e traiçoeiro. As pessoas que te rodeiam são condicionadas a generalizar, distorcer e omitir partes das histórias que contam ou que consomem nas redes sociais, competindo pela posição de quem consegue fingir mais felicidade de mentira.

Mas o mundo das pessoas que constroem convicções sólidas sobre si mesmas e que vivem a verdadeira felicidade é muito mais autêntico. As pessoas as admiram não apenas pelos sucessos, mas também pelos perrengues. Não apenas pelos acertos, mas também pelas lições tiradas dos erros. As pessoas querem fazer parte da vida delas também nos bastidores, e não apenas no palco, sob os holofotes. E mesmo as pessoas que discordam, elas se inspiram ao invés de julgar e criticar. Elas podem até odiar você, mas elas te respeitam.

E isso só é possível se você for íntegro. Íntegro no sentido de ser inteiro – de não ser uma pessoa dividida em partes. “Uma parte de mim faz isso, mas outra parte de mim quer aquilo”. Alguém que é um personagem nas redes sociais e uma pessoa completamente diferente em sua individualidade.

Não basta ter boa reputação. Para ser convicto de si mesmo, é preciso ter caráter. E, se você não tem clareza do significado da palavra caráter, entenda que caráter é aquilo que você faz, pensa, sente ou é quando ninguém está olhando para julgar. É manter-se fiel às suas convicções pessoais, éticas e morais mesmo diante de forte pressão, grandes dilemas ou situações difíceis e cruciais. 

Você não nasceu pra viver uma felicidade de mentira. Você nasceu para ser autenticamente feliz. Nasceu para viver com convicções sólidas e inabaláveis sobre quem é, seus porquês e onde vai chegar, e para ser apaixonado por estas convicções.

Você nasceu para ser feliz.

 

Gustavo Almeida

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